Neste artigo descrevemos o que é o amor platônico, as suas características e como a psicologia o entende. Falaremos também sobre o que Platão pensava sobre o amor.
O que é o amor platônico?
Hoje em dia, quando falamos de amor platônico, nos referimos geralmente a uma sensação de atração idealizada, desprovida de tons sexuais e eróticos, muitas vezes irrealista ou difícil de materializar, e por vezes até não correspondida. O seu nome deve-se ao fato de ser uma interpretação errada mas popular das teorias filosóficas de Platão sobre o amor, que propunham um amor baseado na virtude e não nas atrações físicas.
Os amores platônicos são, como são entendidos atualmente, típicos da infância e da adolescência, especialmente antes do despertar da sexualidade. São paixões com um forte sentido de ingenuidade, inocência e admiração, muitas vezes por figuras idealizadas como estrelas do mundo do espetáculo, artistas populares ou figuras de autoridade, ou por indivíduos com quem raramente se tem intimidade.
A expressão “amor platônico” foi cunhada pelo poeta e dramaturgo inglês William Davenant (1606-1668), autor da peça “The Platonick Lovers” (1636), na qual se refere ao famoso banquete de Platão, uma escrita antiga que postula o amor como o nascimento da verdade e das virtudes. O termo, foi mais tarde utilizado como sinônimo de amor cortês ou amor idealizado, cuja consumação sexual é eternamente adiada, e mesmo ao longo do século XIX como eufemismo para o amor homossexual.
Características do amor platônico
Em geral, o amor platônico é caracterizado por:
- Surge de sentimentos de franca admiração, sem malícia, egoísmo e desejo sexual. Por outras palavras, não é um amor apaixonado e libidinal, mas uma forma idealizada de atração romântica.
- Está associado ao final da infância e início da adolescência, e pode ou não ser recíproco. Mais frequentemente, porém, trata-se de idealizações que não procuram verdadeiramente tornar-se realidade.
- É frequentemente sinônimo de amor cortês ou galante, em que a pureza dos sentimentos é preservada pelo adiamento indefinido da consumação erótica ou sexual. Por outras palavras, um amor sublime e sem corpo.
- Os seus limites com a amizade são difusos e pode em muitos casos ser um tipo de relação amigável que impede o aparecimento do erotismo (especialmente na esfera heterossexual).
- Não é uma compreensão fiel do que Platão (c. 427-347 a.C.) expressou sobre o amor.
Amor por Platão
De acordo com o que Platão, o antigo filósofo grego, escreveu na sua obra O Banquete, deve ser feita uma distinção entre o amor erótico e sexual e o amor ideal (ou seja, platônico). Este último é um tipo de atração totalmente diferente, baseada na busca da beleza, verdade e virtude, ou seja, do conhecimento.
Para isso, o amor deve ir além da mera observação da beleza física, para transcender para a beleza espiritual e finalmente para a beleza “pura”, ou seja, o próprio conhecimento, a beleza das artes e das ciências. Daí o seu nome “amor ideal“, pois é um amor que ocorre no plano da mente e das ideias, e não apenas no plano do corpo. O amor platônico é o amor pela beleza e a perfeição de ideias, conceitos e formas.
Platão põe na boca de Sócrates a distinção entre o amor carnal, que une o ser humano e os animais, e o amor da alma, que é próprio do ser humano e da virtude. Para este fim, fala de dois tipos de “gravidez” que são fruto do amor: a gravidez do corpo, que traz ao mundo crianças humanas, é fruto do amor do corpo; enquanto a gravidez da alma, que traz virtude e beleza ao mundo, é fruto do amor ideal, ou seja, do que mais tarde será chamado “amor platônico”.
O amor platônico na psicologia
Em psicologia, o amor platônico é entendido como um tipo de relação típica das fases infantil e adolescente do ser humano, uma vez que a timidez, a introversão e a inibição emocional são tipicamente manifestadas nestas fases. Por outro lado, o seu aparecimento em contextos adultos pode antes constituir um mecanismo de dispersão da tensão sexual entre dois indivíduos, ou seja, as relações amorosas platônicas são construídas para evitar a eventual consumação de uma atração sexual subjacente.
As frases de Platão sobre o amor
Algumas frases sobre o amor atribuídas a este antigo filósofo grego são:
- “O amor consiste em sentir que o ser sagrado bate dentro da pessoa amada”.
- “O amor é a alegria dos bons, a maravilha dos sábios, o temor dos deuses”.
- “…O caminho reto do amor, quer guiado por si mesmo, quer guiado por outro, é começar com as belezas inferiores e ascender à beleza suprema”.
- “Não há homem tão cobarde que o amor não o possa fazer corajoso e transformá-lo num herói”.
- “Onde reina o amor, não há leis”.
- “Os deuses deram-nos duas asas para voarmos até eles: o amor e a razão”.
Bibliografia:
“Amor platônico” na Wikipédia.
“El amor según Platón” na Revista Tigris.
“Platonic love (philosophy)” em The Encyclopaedia Britannica.