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Bissexualidade

Descrevemos o que é a bissexualidade e como foi a sua presença ao longo da história. Além disso, o que é orientação sexual?

O que é a bissexualidade?

A bissexualidade consiste na atração sexual, erótica e/ou romântica tanto por pessoas do mesmo sexo como do sexo oposto. Ou seja, as pessoas bissexuais ou “bi” são aquelas cuja orientação sexual se inclina para homens e mulheres, para que possam estabelecer relações amorosas tanto heterossexuais quanto homossexuais.

Assim como em outras orientações sexuais, a bissexualidade não é absoluta nem ocorre com o mesmo grau em todas as pessoas ou em todos os momentos da vida. É comum que as pessoas bissexuais sintam um maior grau de atração por um ou outro sexo e, em alguns casos, podem se sentir mais identificadas com outras formas de pensar a orientação sexual, como a pansexualidade ou o poliamor. Muitos veem a bissexualidade como um espectro de possibilidades intermediárias entre a homossexualidade e a heterossexualidade.

Com base nos questionamentos e novas formas de pensar sobre orientação sexual e identidade de gênero que surgiram no século XXI, a bissexualidade pode ser difícil de distinguir de outras categorias, especialmente quando se trata de identidades de gênero não binários. Deve-se considerar, que o termo “bissexualidade” foi criado no século XIX, assim como o de “heterossexualidade” e “homossexualidade”, mas isso não significa que não existissem pessoas bissexuais anteriormente.

É difícil saber que porcentagem da população humana é bissexual. Estudos realizados pelo sexólogo americano Alfred Kinsey (1894-1956) em meados do século XX concluíram que cerca de 46% da população masculina entrevistada havia participado de atos sexuais ou reagido eroticamente a pessoas do mesmo sexo ao longo da vida, mas isso não significa que se consideraram bissexuais. Além disso, para Kinsey, o termo “bissexualidade” era inapropriado e o usava mais como sinônimo de hermafrodita (atualmente “ intersexo ”).

Em contraste, estudos posteriores, no início da década de 1990, constataram que apenas 5% dos homens e 2% das mulheres entrevistados se consideravam bissexuais; e outros estudos semelhantes em 2014 reduziram o número para 0,7% dos cidadãos norte-americanos entrevistados.

A história da bissexualidade

A bissexualidade tem uma longa presença na história da civilização, especialmente em algumas culturas antigas, como a grega, em que as relações sexuais e amorosas não eram consideradas a partir de uma divisão binária estrita, havendo alguma fluidez em relação ao amor e à atração.

Os heróis gregos da mitologia podiam ter amantes do sexo masculino (como Aquiles e Pátroclo (Pátroklos), conforme descrito na Ilíada), enquanto também tinham consortes femininas e muito filhos. Em algumas cidades gregas, como Esparta, eram normais as relações eróticas entre soldados experientes e novatos, pois fomentavam a coesão do exército e o heroísmo dos guerreiros que lutavam de braços dados com seus amantes.

Por sua vez, na Roma Antiga, tanto a atração heterossexual, quanto homossexual de homens livres, era uma questão comum, desde que fossem eles a desempenhar o papel ativo na relação sexual, e a moralidade sexual era determinada mais pela classe social do que pelo gênero dos envolvidos. Ainda assim, uma vez casado, esperava-se que o homem mantivesse relações sexuais com a esposa, especialmente para fins de procriação, ou com escravas, prostitutas ou infames.

Nos tempos modernos, a bissexualidade continuou a existir, mas sempre fora das considerações familiares e morais tradicionais, herdeiras do legado cristão. Com a revolução sexual do século XX, essa orientação sexual alcançou alguma notoriedade, embora sempre sob o estigma da promiscuidade, indecisão sexual ou perversão. Essas considerações são atualmente consideradas como um exemplo de “bifobia”, ou seja, preconceitos ou discriminações contra a bissexualidade.

No final do século XX e início do século XXI, a comunidade bissexual passou a fazer parte dos movimentos homossexuais (gays e lésbicas) e transexuais, que deram origem á comunidade LGBT, dedicada à luta pela aceitação social e reconhecimento legal das pessoas do gênero-sexodiversas e com orientações sexuais não tradicionais.

Bandeira da bissexualidade

No início do século XXI, a comunidade bissexual criou um ícone para se reconhecer socialmente e dotar-se de determinada noção de identidade compartilhada: a bandeira da bissexualidade. Juntamente com os triângulos bissexuais (dois triângulos equiláteros invertidos, um fúcsia e outro magenta), a bandeira do orgulho bissexual é o principal ícone de identificação social e política desta comunidade.

A bandeira bissexual consiste em um retângulo dividido em três segmentos, o primeiro e o terceiro consideravelmente maiores que o intermédio, e as três cores magenta, lavanda e azul, respetivamente. Essa combinação de cores representa a atração entre pessoas do mesmo sexo (magenta) e a de sexo oposto (azul), intermediados por uma faixa lavanda que representa a bissexualidade em geral.

Bissexualidade e pansexualidade

Em alguns casos, a bissexualidade e a pansexualidade podem ser interpretadas como categorias semelhantes, pois a diferença entre uma e outra pode ser sutil, principalmente se não for considerada no quadro das identidades de gênero surgidas no início do século XXI. Em sentido estrito, a bissexualidade consiste na atração sexual e romântica por pessoas da mesma identidade de gênero, bem como da identidade de gênero oposto. Que se interpreta tradicionalmente como sexo com homens e mulheres cisgênero.

No entanto, a partir do momento em que a transexualidade e as pessoas não-binárias são introduzidas na equação, o termo “bissexual” parece demasiado vago, e é aí que surge a pansexualidade, entendida como a atração sexual por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto, independentemente de sua identidade de gênero (trans, cis ou não-binária).

O que é orientação sexual e o que a determina?

“Orientação sexual” é o nome que recebe a tendência geral das pessoas em sua vida sexual, erótica e romântica. Por outras palavras, por que tipo de pessoas ela se sente sexualmente, erótica e romanticamente atraída? Existem tradicionalmente três orientações sexuais reconhecidas:

  • Heterossexual: Típica em pessoas que se sentem atraídas por indivíduos do sexo oposto.
  • Homossexual: Típica em pessoas que se sentem atraídas por indivíduos do mesmo sexo.
  • Bissexual (ou pansexual): Típica em pessoas que se sentem atraídas por indivíduos tanto do seu sexos como do sexo oposto.

A orientação sexual não é equivalente à identidade de gênero, que é a consideração psicológica ou subjetiva da própria sexualidade e do papel de gênero desempenhado na sociedade.

Os especialistas em psicologia e outras ciências humanas ainda não chegaram a um consenso sobre quais os fatores determinantes para uma ou outra orientação sexual. Simplesmente não se sabe se os elementos determinantes da orientação sexual nascem com o indivíduo, se são enraizados durante a infância ou se são, de alguma forma voluntários.

Referências:

“Bissexualidade” em Wikipédia.
“Bissexualidade” em OHCHR.
“O que é bissexualidade?” em Psicoterapia e Terapia Sexual.
“¿Qué causa la orientación sexual?” em Planned Parenthood. (Espanhol)
“What does it Mean to be Bi or Bisexual?” em Healthline (EEUU). (Inglês)
“Understanding Bisexuality” em American Psychological Association (APA). (Inglês)

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